
O que aprendemos com a primeira fase de testes do Drex e o que ainda vem pela frente
calendar_month 07/04/2025
O sistema financeiro brasileiro está diante de mais uma grande transformação. Depois de inovações como o Pix e o Open Finance, agora é a vez do Drex — a infraestrutura baseada em blockchain desenvolvida pelo Banco Central para trazer mais agilidade, segurança e eficiência para as operações do mercado.
Mas apesar de tanta expectativa, o que já foi testado até agora? E por que isso é importante para o futuro dos investimentos e da tokenização no Brasil?
No episódio 151 do Talkenização, a jornalista Claudia Mancini, fundadora do Blocknews e uma das vozes mais experientes quando o assunto é blockchain, compartilhou uma análise direta e reveladora sobre os bastidores da primeira fase do Drex.
Neste artigo, retomamos os principais pontos do episódio e descomplicamos o que foi colocado em prática até agora — e o que ainda precisa evoluir para que essa tecnologia transforme o mercado financeiro como um todo.
Da teoria à prática: como foi a primeira fase do Drex
Ao contrário do que muitos pensam, o Drex não é um novo meio de pagamento como o Pix.
Ele é uma plataforma voltada para o atacado — ou seja, para operações feitas entre instituições financeiras e grandes empresas.
Seu propósito é permitir que transações sejam liquidadas de forma mais rápida e transparente, com o apoio de tecnologias como blockchain, smart contracts e ativos digitais.
A primeira fase do projeto foi dedicada a testar se essa infraestrutura básica funciona bem.
Os testes foram realizados em um ambiente seguro, fechado apenas para instituições autorizadas, e usaram tokens representando títulos públicos.
A ideia era simular operações reais, como a compra e venda desses títulos, e avaliar o comportamento da plataforma em relação à velocidade, segurança dos dados e privacidade das transações.
Foi uma etapa importante para validar a base do que poderá ser, futuramente, uma nova engrenagem do sistema financeiro.
E como destacou Claudia, apesar dos entraves, a fase mostrou que é possível operar com blockchain de forma institucional — desde que pontos críticos sejam superados.
Privacidade, desempenho e governança: os grandes desafios do Drex
O principal gargalo identificado foi o equilíbrio entre privacidade e escalabilidade.
Em uma rede blockchain pública como a utilizada nos testes, proteger os dados sensíveis de instituições e clientes sem prejudicar o desempenho das transações é um desafio técnico.
E, como ressaltado no episódio, não basta garantir privacidade — é preciso que a rede funcione de forma rápida e eficiente.
Claudia destacou que essa combinação ainda não foi plenamente atingida.
Em alguns testes, o tempo de resposta não superou o desempenho dos sistemas financeiros tradicionais. Isso indica que a infraestrutura precisa evoluir, especialmente se quiser suportar um alto volume de transações em tempo real.
Outro ponto de atenção foi a governança. O Drex é conduzido pelo Banco Central, o que traz um modelo naturalmente centralizado.
Isso contrasta com a visão mais descentralizada do universo cripto. Mas o projeto nunca teve a intenção de seguir o modelo das criptomoedas. O Drex é uma iniciativa voltada à modernização do sistema financeiro tradicional, e essa centralização faz parte da lógica do projeto.
Um dado curioso é que, mesmo com a participação de diversos consórcios, os testes foram conduzidos de forma isolada. Cada grupo operou com seus próprios pares, sem muita interação entre eles. Esse modelo revelou a necessidade de se desenvolver, no futuro, mecanismos de coordenação mais integrados.
O que vem na segunda fase — e por que isso importa
A segunda fase do Drex, já em andamento, aprofunda os testes com um escopo mais ambicioso.
Agora entram em cena operações mais complexas, com o uso de contratos inteligentes, garantias tokenizadas e até testes internacionais, como o piloto com a autoridade monetária de Hong Kong.
Essa etapa aproxima o Drex de aplicações diretamente ligadas ao universo de investimentos estruturados e da tokenização de ativos reais.
Imagine, por exemplo, um investidor podendo comprar uma fração de um imóvel ou de um recebível, com liquidação automática e registro transparente. Ou empresas estruturando operações de crédito com TIDCs, viabilizando o acesso ao mercado por meio de tokens digitais de dívida.
Claudia explicou que, se a segunda fase for bem-sucedida, o Drex poderá transformar o crédito no Brasil. Uma infraestrutura mais eficiente pode destravar recursos, acelerar operações e facilitar o acesso a instrumentos financeiros antes restritos a grandes players.
Quando o Drex estará disponível? Ainda não temos resposta — e nem data
Apesar do avanço, o Banco Central não estipulou uma nova data oficial de lançamento. A complexidade técnica e regulatória do projeto fez com que os cronogramas se tornassem mais flexíveis. A previsão atual é que os testes da segunda fase sigam até maio de 2025.
O próprio relatório da fase 1 foi publicado com atraso, mas trouxe aprendizados importantes. Entre eles, o reconhecimento de que a infraestrutura usada pode mudar se não atingir os requisitos esperados. Isso demonstra a abertura do Banco Central para ajustes, o que é positivo em projetos dessa magnitude.
Claudia também comentou que o entusiasmo de algumas instituições diminuiu. Empresas que esperavam um lançamento já em 2024 agora são mais cautelosas.
Isso, no entanto, não significa perda de relevância — apenas que o projeto está passando por uma fase de maturação e ajustes técnicos necessários.
O Brasil segue como referência em inovação financeira
Se há um ponto que o episódio deixou claro é que o Brasil continua sendo observado como um líder em inovação financeira.
O Drex pode ser uma solução “à brasileira”, mas ela atrai olhares internacionais pelo seu potencial transformador.
Se a infraestrutura funcionar, o Brasil poderá estabelecer um novo padrão de liquidação financeira, combinando eficiência, transparência e acessibilidade.
Isso abriria caminho para que tecnologias como tokenização, smart contracts e ativos digitais regulados façam parte do cotidiano do mercado financeiro.
E esse movimento já está acontecendo. O avanço dos TIDCs, os testes em curso e a adaptação regulatória em torno da tokenização mostram que estamos diante de uma mudança estrutural.
Uma mudança que pode tornar o sistema financeiro mais inclusivo, mais ágil e preparado para o futuro.
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